A poesia é uma das coisas da vida que não pertence inteiramente a seus autores, senão enquanto estes sejam simples instrumentos do porvir. Por isso mesmo, os poetas parecem trazer algo de utilidade pública... algum sentimento que transcende de si para os outros, mesmo que estes não sejam necessariamente ledores de poesia, no entanto, também poetas, à sua maneira: igualmente necessitados de alguma outra forma de criatividade do espírito, sensíveis por alguma descoberta nas dobras da alma humana, ou inventivos de tudo mas que seja "fundante" da evolução da sociedade e da sua cultura.
Assim, por outra parte, ainda que modesta seja a participação do poeta e que essa arte não lhe pertença completamente, torna-se, todavia, compreensível a sua interação espiritual com o semelhante. Isso já justifica a poesia, ainda mais quando venha à luz, como que pelas mãos de amigos, sem qualquer outra pretensão senão aquela do bem que o leitor possa colher de alguma semeadura.
(...)
Versos que guardei - Bruno Andreucci
terça-feira, 8 de setembro de 2015
sábado, 13 de junho de 2015
terça-feira, 5 de maio de 2015
BENTO/CAPITOLINA
Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar das do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres.
DOM CASMURRO - MACHADO DE ASSIS
DOM CASMURRO - MACHADO DE ASSIS
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Sintaxe à vontade
Senhoras e senhores, respeitável público pagão.
A partir de sempre todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser,
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto
Nenhum predicado será prejudicado
Nem tampouco a frase, nem a crase, nem a vírgula e ponto final
Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas,
Entre vírgulas.
E estar entre vírgulas pode ser aposto.
E eu aposto o oposto: que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples
Sujeito e sua oração,
Sua pressa, sua prece.
Que enxerguemos o fato de termos acessórios para nossa oração
Sim, separados ou adjuntos, nominais ou não, façamos parte do contexto,
Sejamos todas as capas de edição especial
Mas sejamos também a contra-capa.
Ser a capa, mas ser também a contra-capa é a beleza da contradição.
É negar a si mesmo,
E negar a si mesmo é muitas vezes encontrar-se com Deus, com o teu Deus.
Senhoras e senhores, que nesse momento que cada um se encontra aqui,
Agora possa se encontrar no outro,
E o outro no um.
Até porque,
Tem hora que a gente se pergunta:
Por que é que não se junta tudo numa coisa só?
O Teatro Mágico
A partir de sempre todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser,
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto
Nenhum predicado será prejudicado
Nem tampouco a frase, nem a crase, nem a vírgula e ponto final
Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas,
Entre vírgulas.
E estar entre vírgulas pode ser aposto.
E eu aposto o oposto: que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples
Sujeito e sua oração,
Sua pressa, sua prece.
Que enxerguemos o fato de termos acessórios para nossa oração
Sim, separados ou adjuntos, nominais ou não, façamos parte do contexto,
Sejamos todas as capas de edição especial
Mas sejamos também a contra-capa.
Ser a capa, mas ser também a contra-capa é a beleza da contradição.
É negar a si mesmo,
E negar a si mesmo é muitas vezes encontrar-se com Deus, com o teu Deus.
Senhoras e senhores, que nesse momento que cada um se encontra aqui,
Agora possa se encontrar no outro,
E o outro no um.
Até porque,
Tem hora que a gente se pergunta:
Por que é que não se junta tudo numa coisa só?
O Teatro Mágico
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