terça-feira, 8 de setembro de 2015

          A poesia é uma das coisas da vida que não pertence inteiramente a seus autores, senão enquanto estes sejam simples instrumentos do porvir. Por isso mesmo, os poetas parecem trazer algo de utilidade pública... algum sentimento que transcende de si para os outros, mesmo que estes não sejam necessariamente ledores de poesia, no entanto, também poetas, à sua maneira: igualmente necessitados de alguma outra forma de criatividade do espírito, sensíveis por alguma descoberta nas dobras da alma humana, ou inventivos de tudo mas que seja "fundante" da evolução da sociedade e da sua cultura.

          Assim, por outra parte, ainda que modesta seja a participação do poeta e que essa arte não lhe pertença completamente, torna-se, todavia, compreensível a sua interação espiritual com o semelhante. Isso já justifica a poesia, ainda mais quando venha à luz, como que pelas mãos de amigos, sem qualquer outra pretensão senão aquela do bem que o leitor possa colher de alguma semeadura.

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Versos que guardei - Bruno Andreucci